Para Pablo Said, CEO, compreender como o mercado imobiliário pode se manter ativo junto à classe média é essencial, sobretudo em períodos de juros elevados que desafiam a capacidade de compra das famílias. As altas taxas impactam diretamente o custo do crédito, elevam parcelas e exigem novas estratégias de construtoras e incorporadoras para evitar retração nas vendas. Diante desse cenário, surgem soluções criativas que buscam preservar a demanda e manter o setor em movimento, mesmo sob condições econômicas mais restritivas.
O peso dos juros sobre o financiamento imobiliário
Quando os juros sobem, o impacto sobre o financiamento imobiliário é imediato. As parcelas aumentam, reduzindo a renda disponível da classe média para assumir novos compromissos financeiros. Muitas famílias acabam adiando a compra do imóvel próprio ou passam a buscar alternativas mais baratas. Esse movimento gera desaceleração nas vendas e pressiona incorporadoras a reverem preços, prazos e formatos de seus lançamentos.
Adicionalmente, Pablo Said analisa que a alta dos juros não afeta apenas o consumidor, mas também as próprias empresas do setor, que passam a encontrar mais dificuldades para financiar obras ou captar recursos para novos projetos. Isso cria um ciclo desafiador que exige criatividade para manter a engrenagem do mercado funcionando.
Produtos mais acessíveis como estratégia de sobrevivência
Para responder à redução do poder de compra da classe média, muitas construtoras passaram a investir em produtos com tíquete mais baixo, mas sem renunciar a atributos essenciais como localização estratégica e infraestrutura adequada. Apartamentos compactos, studios e empreendimentos com áreas compartilhadas têm sido algumas das saídas encontradas para equilibrar custos e atratividade do produto.
Pablo Said comenta que o sucesso dessas estratégias depende de um profundo entendimento das novas prioridades do consumidor. Hoje, mesmo com restrição orçamentária, as famílias não querem abrir mão de segurança, mobilidade e qualidade de vida. Projetos bem pensados, que combinem preço competitivo e diferenciais de mercado, conseguem manter boa velocidade de vendas, mesmo em contextos menos favoráveis.

Incentivos e negociações personalizadas para atrair compradores
Outra estratégia que tem ganhado força no mercado imobiliário é a flexibilização das condições comerciais. Incorporadoras estão oferecendo entrada parcelada, descontos progressivos e isenção temporária de taxas para viabilizar negócios que poderiam não acontecer em tempos de crédito caro.
Além dos descontos, Pablo Said destaca a importância da personalização no atendimento. Cada família possui necessidades e limites de orçamento distintos, o que exige abordagens sob medida por parte das equipes comerciais. Para o especialista, conquistar o cliente da classe média hoje passa tanto por oferecer preço competitivo quanto por construir relações de confiança, demonstrando disposição para encontrar soluções financeiras viáveis.
O papel da comunicação na manutenção das vendas
Em um ambiente de juros altos, o medo e a insegurança podem afastar potenciais compradores. Pablo Said frisa que a comunicação transparente se torna peça-chave para manter o interesse do público. Explicar com clareza as condições de financiamento, simular cenários e mostrar perspectivas para o mercado ajuda a reduzir a percepção de risco e aproxima o cliente da decisão de compra.
Além disso, investir em plataformas digitais, visitas virtuais e materiais interativos tornou-se fundamental. A classe média está cada vez mais conectada e valoriza ter informações completas antes mesmo de visitar um estande de vendas. Pablo Said aponta que empresas que souberem unir tecnologia e atendimento humanizado terão maiores chances de se destacar no cenário atual.
Perspectivas para o mercado imobiliário voltado à classe média
As perspectivas para o mercado imobiliário direcionado à classe média continuam desafiadoras, mas não impossíveis. Embora os juros elevados imponham limites, o desejo da casa própria permanece forte no Brasil, principalmente entre famílias que ainda não realizaram esse sonho.
Segundo Pablo Said, equilibrar margens de lucro e acessibilidade será o grande diferencial das incorporadoras nos próximos anos. Para o especialista, períodos de crise também revelam oportunidades: novos formatos de moradia, regiões urbanas em valorização e produtos mais flexíveis podem garantir a sustentabilidade dos negócios e, ao mesmo tempo, atender ao anseio da classe média por qualidade de vida e segurança patrimonial.
Autor: Irina Nikitina